terça-feira, 3 de março de 2015

RESENHA AULA 03/03/15


Se tem uma coisa que faz você ser criança outra vez esta coisa tem que fazer seu olho brilhar. E hoje foi um grande dia de estréia e brilho nos olhos com direito a açaí de patins novo nos pés. Meu primeiro SEBA, amanhecer na Barragem e boa companhia... Não faltou nada!

Depois de dar uma volta olímpica na Barragem para aquecer e estrear o patins novo, encontro ROBERTA extremamente animada me assistindo patinar no restinho do caminho até seu carro. Radiante, ela não cabia dentro de si, e eu já pensei que só podia ser pegadinha tanta coisa boa de manhã. O Marcelo (marido) ainda teve que dar nela uma zoada por que saía de casa feito criança indo para o parque. Com tanta alegria assim não me espanta ela ter levado cerca de 10 minutos para se concentrar, afoita com tanto pensamento e ansiedade. Roberta já patina sozinha, sem dúvidas, e está pronta para passear por aí. Contudo, muito de vez em quando, ela tem uns desequilíbrios para trás que me preocupam. Sabemos que o tombo de costas raramente nos oferece defesa, e por isso são perigosos. Trabalhando a pisada de calcanhar (na tentativa de levá-la para a planta dos pés), Roberta foi direto para o morro, onde pudemos acertar a patinação sem a falsa impressão de sucesso que o EXCELENTE patins oferece na reta diante de quase qualquer movimento. Com energia sobrando, Roberta fica vermelha na subida, mas não se cansa. Chegando lá em cima, hora de descer controlando a velocidade! E Roberta deu seu Show no encaixe frontal, controlando a velocidade e se estabilizando bem. Como de costume, com receio de cair, o patinador inexperiente troca a flexão de joelho pela de lombar, forçando as costas e diminuindo a estabilidade. Foi preferível não trabalhar isso e deixá-la sentir as questões de traçado do patins, que aqui são mais relevantes. Depois de uma volta completa mais curtindo do que trabalhando técnica, escadaria. A conversa estava tão boa que Roberta me olhou torto diante do desafio “chato”. Naquele espírito hedonista com que ela chegou mais cedo, quis enrolar e propor outra coisa. Mas o professor mandão não abre mão de seus vislumbres, e tocou Roberta escada acima como quem sabia o que estava fazendo. Assim que começou a subir, Roberta sentiu-se confiante e subiu a escada toda sem apoio, com postura e firmeza. Lá em cima, ao final da escada, chegamos em um lugar que eu considero muito medonho. um platô de uns dois metros quadrados cercado de descidas perigosas, sem apoio e com pavimento intermitente. Não vou dizer que tenho medo, mas admito que fico mais atento do que de costume quando passo por lá. E Roberta? Nem ligou! Na descida, feito uma locomotiva de reboque frontal, fomos agraciados com a gentileza do senhor que nos cedeu passagem. Agradecemos o gesto, mas rimos por que mal sabia o coitado que ele é quem tinha que agradecer por ter se livrado do perigo, rs (brincadeira). No platô logo abaixo fizemos um grande zigue-zague com buzina. Digo isso por que tive que ouvir Roberta dizer que não dava conta o tempo todo, ao mesmo tempo que fazia com perfeição o que eu pedia, hahaha. Vai entender… Suas curvas de alto desempenho saíam perfeitamente quando guiadas, restando ao trabalho solo a coragem de encontrar o eixo - o tempo vai trazer isso certamente. E lá embaixo foi a hora do “Brucutu”. Roberta ganhou uma afeição pelo tal do “pular reguingo” que só ela mesmo para entender. A cara dela pulando as calhas de tijolos que escoam a chuva era de criança fazendo estrepolia - impagável. E pula reguingo pra cá, pula reguingo pra lá, desequilibra daqui e acode de lá. Já disse que Roberta faz recrutamento de anjo da guarda quando vai ter aula, por que nunca vi catar tanto cavaco sem cair, rs. Quem vê de longe acha que ela está recebendo um santo. Na descida a puladora de reguingo chegou a atingir alta velocidade em direção ao estacionamento, e administrou muito bem a adrenalina. Para arrematar exercitamos muito o “abre-e-fecha” assimétrico, no que Roberta deu um show. Agora ela pode ir patinar na praia e curtir seus rebentos nas merecidas férias com Marcelo. Vamos sentir falta dela!

Na chegada DANIELA já nos esperava. Empolgadíssima, ela ia receber o seu SEBA que eu trouxe de São Paulo. Seu patins é lindo, e tive que fazer a selfie do batismo (foto). Com cuidado, ajustamos o patins em seus pés. Ela, que rapidamente se endireitou na patinação, precisava de poucos ajustes que a experiência vai trazendo com o tempo. Mas, de começo, ela mostrou um grande talento nos patins, já que calçava o seu pela primeira vez e já saía fazendo curva de alto desempenho como se resgatasse memórias de patinação da infância. Daniela não tem problemas para soltar o quadril nem para rotacionar o joelho, e isso é uma vantagem muito grande na patinação! Sua afinidade com a dinâmica do patins é tanta que ela consegue praticamente fazer um powerslide (frenagem brusca, robusta e avançada) quando rebocada em alta velocidade. Vendo que ela se adaptou ao seu patins como se já tivesse sido feito para seus pés, não quis esperar mais para levá-la a dar uma grande volta. Utilizando a linha branca da ciclovia, Daniela mostrou que tem controle de traçado, embora ainda tenha um pouco de medo de se lançar na direção da pendulação. Na subida ela sofreu… Embora tenha todas as afinidades esquelético musculares que mencionei, Daniela tem o vício mais comum dos iniciantes nesse esporte: o de caminhar com o patins feito pedestre. Diferente do sapato, que não desliza e, portanto, deve ser colocado exatamente onde ele é necessário, o patins não precisa sair do chão enquanto rolam as rodinhas. O que é fácil de perceber, é extremamente difícil de fazer. É como ser destro e ser obrigado a escrever com a mão esquerda, ou, ainda, ter que escrever com a mão direita, mas de trás pra frente. De repente toda a sua memória motora de anos de uso é descartada para dar lugar a um processo frio, mental e calculista em que até mesmo os músculos da face devem ser monitorados. Mais de uma vez tive que dizer a Daniela que relaxasse um ou outro músculo que não estavam sendo úteis à sua patinação. Esse processo todo recrutou tantos recursos mentais e cardiovasculares que Daniela teve que parar um pouco para respirar. Estava cansada daqueles cansaços que fazem bem quando chegamos em casa. No encaixe frontal ela pronou muito, ou seja, pisou para dentro. Mas isso foi só um detalhe técnico, já que ela conseguiu descer freando lindamente. Na hora de “pular o reguingo da Roberta” (cuidado com o que vão pensar aqui) Daniela deu uns gritinhos muito engraçados até entender que era seguro, rs. Quem vê o tamanho minúsculo da vala e o tamanho do grito é convidado a rir da desproporção. Em seguida, a famosa e importantíssima vassourinha. Fazendo muita força e com apoio duplo, o que não é o recomendado, Daniela se virou e conseguiu parar. Teremos que tratar essa questão na próxima aula, mas o problema de não conseguir parar já está com seus dias contados. Na volta, durante a descida, hora de coordenar os patins e desenhar bem o traçado no chão. Daniela ficou com aquele medo silencioso, mas topou até tirar onda de um pé só - não sem gritinhos. Foi Show. Para encerrar ela quis tomar um açaí com patins nos pés! Uma pena Roberta já ter ido embora...

É preciso que se diga que o patins no pé aguça o paladar… E como o açaí fica mais gostoso. Aliás, o que é que não fica mais gostoso quando feito com patins nos pés? Saindo dali com o Sol nas costas e o dia todo pela frente, tenho certeza de que o meu dia começou para ser o melhor que podia ser. Obrigado, meninas, pela companhia!

Patrick Bonnereau
Instrutor de Patinação
#VamosPatinarJuntos
bhroller

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