quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

RESENHA AULA 28/01/15



Dia das crianças na Barragem Santa Lúcia! Como sempre digo, o melhor modelo de ensino para uma criança é o exemplo. Elas são criadas para observar, elaborar e repetir. Aquilo que se diz vai surtir efeito a longo prazo e será, em parte seguido. Mas aquilo que se mostra pelo exemplo, isso sim ficará marcado nos pupilos! Pais que patinam com os filhos fazem a eles um bem que dificilmente são capazes de mensurar, e me dá muita alegria ver que isso existe!

MIRELLA, que não veio com os pais mas é uma menina, apareceu para a aula depois de muito tempo. Talves tenha sido as dificuldades de agenda, com horários de aula escassos e muito trabalho. Ela veio sem o marido, que não pode rir dos desequilíbrios e desafios. Mas veio com garra e toda animada. Medrosa que ela só, Mirella se redime por ser MUITO obediente e concentrada. Demonstra o pânico com os olhos mas não se queixa e nem grita, rs. Para começar os trabalhos depos de tanto tempo, fizemos três descidas com curvas em S para analisar o ponto em que ela parou. Mirella deu o show de evolução no intervalo entre as aulas. Tinha terminado a aula passada com dificuldade de articular o fêmur do jeito que precisávamos e trabalhava com um apoio excessivamente distribuído entre as pernas, quando o ideal seria o apoio em uma de cada vez. Isso já foi MUITO BOM. ALém da clara alteração em sua patinação, notei que essa menina emagraceu horrores também. A princípio fiquei preocupado se era por tristeza, mas investiguei e vi que ela estava malhando pesado. E por falar em malhar, é impressionante como o trabalho na academia afeta a patinação. ELa veio se queixar das dificuldades que tem no treino de lá e são exatamente as que ela tem na patinação. Muito delicada, Mirella precisa ter mais FIRMEZA e VIGOR em seus movimentos. É interessante como há coerência entre o físico e o simbólico, e o bom observador saberá do que estou falando. Para a aula ficou claro que o patins vai trazer esse viço que está faltando, e o trará muito rapidamente, já que em uma aula já conseguimos uma façanha: Mirella fez a volta cronometrada mais rápida da história das aulas na Barragem!! 5'30''!!!! Fiz um terrorismo na cabeça da menina e ela patinou pensando que estava sendo perseguida por um arrastão. Sem dar a ela espaço para respirar, a fiz usar tudo o que sabia no percurso, e ainda fizemos um encaixe frontal na descida desviando das lagartas fugitivas da manutenção do jardim. Despois de sofrer com a novidade da posição estranha do encaixe frontal, fomos à vassourinha. A menina pega muito rápido, mas só funciona com a minha mão para apoiar, mesmo que não a use. Vou dar a ela uma foto 3x4 para ela patinar tranquila quando eu não puder estar por perto, rs. Na descida aprendemos a diferença entre rotação transversa e coerente e fomos curtindo o embalo. Chegando no ponto de partida fizemos a grande maratona: a volta cronometrada. Falando na orelha dela o tempo todo, criei uma sensação de urgência tão forte que o olho dela até se arregalava enquanto patinava em alta velocidade. Concentrada na contagem frenética do tempo, Mirella nem se tocava de que estava ultrapassando todos os limites de desempenho que tinha atingido até alí. Foi fantástico! Ela trocou o medo pela competitividade, e foi lindo! Terminamos a aula com energia ainda, mas ela precisava ir trabalhar. Vamos ver se um dia ela encontra tempo para praticar depois da aula. Estou feliz com seu retorno!

CAMILA e MARIA ALICE, as nossas novas DIVAS, chegaram animadas. Quando Camila abriu a porta Maria Alice já estava na atividade, tirando o tênis e sorrindo até as orelhas exibindo suas duas janelinhas na arcada dentária. Gente, é charme demais!!!! A menina que adora ser Diva calça o patinzinho dela e já sai andando lindamente. Como disse na resenha anterior, a bota enorme e os rolamentos de bilha são um grande desafio para a sua patinação, mas seu talento e força tiram isso de letra. Camila não tem medo, e frequentemente faz as coisas sozinha. Embora ela não tenha medo, demonstra respeito pelo perigo, e isso me tranquiliza. Além de usar equipamento de segurança, faz as coisas com cuidado e só depois de minha orientação. Maria Alice repete tudo o que a gente faz, e às vezes faz melhor que a gente. Criança é incrível, né? Camila está na fase de relaxar as musculaturas que não são essenciais ao movimento. Como atleta de academia, ela é muito forte e rapidamente realiza as tarefaas da aula. A impressão é a de que se aprendeu rapidamente, mas na verdade o que ela faz, e faz muito bem, é segurar o corpo todo, mandendo-o rígido. Assim ela não cai, mas a manobra acaba saindo amarrada demais, pois envolve alavancas que não são necessárias. Quando usamos o eixo corretamente, podemos relaxar a musculatura que não está envolvida nas alavancas principais, e é nítido o impacto sobre a estética o movimento, além de a manobra acabar sendo mais eficiente por que não consome tanta energia. Fizemos curvas em S para desenvolver a transição de encaixes de quadril e Camila deu o show! No final de três descidas ela já fazia direitinho, tanto que, quando fui trabalhar um pouco com Maria Alice, ela ficou sozinha rodopiando pelo estacionamento. Quase caía, mas segurava firme no anjo da guarda dela e se reequilibrava. Maria Alice passou pelo teste do sprint! Peguei nossa DIVINHA pelo praço e saí puxando, exigindo dela um reflexo rápido e vigoroso para se manter de pé sobre as suas grandes botas enquanto fazeia curvas radicais. A resposta foi excelente e muito melhor do que na aula anterior, em que ela não conseguiu se estabilizar e nem manter os patins no chão alinhados. Ela também está percebendo como se sustentar no reboque frontal, e já quase não precisa que eu a levante para reestabelecer seu equilíbrio de pé nas puxadas. Muito feliz por ver mãe e filha nessa vibe!

MARIANA e CAIO chegaram com a caravana. Mãe, dois filhos, marido e sobrinho, kate, bicicleta e patins. O estacionamento da Barragem se iluminou com essa família SUPER ATIVA. Mariana é do tipo que não tem medo e não se deixa abalar. Calçou um patins de street da traxart que tenho no porta malas, colocou as joelheiras e mandou ver. Instável e ainda aprendendo a responder à instabilidade que o patins promove em relação ao tênis, ela balançava mas não se intimidava. CAIO, uma criança engraçadíssima, ficava só tirando onda com a cara da mãe, dizendo que ela tinha era que aprender com ele. Rodeados pelo pequeno de 3 anos e um priminho da mesma faixa de idade, pareciamos moscas de padaria orbitando Mariana. Todos se divertiam juntos e riam da matriarca que tentava se concentrar no que estava fazendo. O pequeno de 3 anos toda hora chegave de cicicletinha cercando a mãe com um sorriso, olhos azuis e cabelos loiros caxiados dizendo: "Mãe, eu xiamu". Derreti! Nessa toada conseguimos trabalhar a postura, em primeiro lugar. A tendência de patinar com as pernas afastadas e as costas curvadas já foi logo cortada pela raiz. Em minutos Mariana já estava se sustentando com elegância. Da dificuldade de dar passos sem se desequilibrar e estremecer toda, Mariana passou à patinação serena e concentrada em meia hora. Por fim, já estávamos aprendendo a tirar do tornozeno a responsabilidade de direcionamento do patins e jogar o trabalho para o joelho e quadril. Teimosa, ela sempre dobrava o braço no reboque frontal e tomou dois tombos de leve. Em um deles ela até me levou junto, rs. O marido que não é bobo, filmou tudo, e só não riu mais por que acho que ia apanhar em casa. Caio, que deve ter caído umas 20 vezes, sempre se levantava dizendo: "o tombo faz parte do patins". Adorei, hahahaha.Estou achando que o pai também tem que entrar nessa. Mas, para isso, teremos que arrumar alguém para cuidar da criançada, que é da pá virada. Terminando a aula fazendo meia lua assistida, Mariana teve sucesso duplo, pois além de conseguir cumprir o programa da aula, ainda teve que lidar com a concentração em meio à moçada trançando em suas pernas. 

Para finalizar, assentamos à mesa e fomos tomar açaí, todos juntos. Foi lindo. Os meninos vestiram os patins nas mãos e saíram por aí "mãotinando". Foi tão lindo que tive que tirar uma foto. As aulas terminaram e eu estava com uma sensação de final de semana que não me deixava relaxar o sorriso. Obrigado, crianças, por trazer ao patins uma amostra do que será o futuro do esporte. Quando o tempo me levar dos pés os patins, quero poder me realizar nas suas patinadas.

Patrick Bonnereau
Instrutor de Patinação
#VamosPatinarJuntos
bhroller

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