quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

RESENHA AULA 10/02

Barragem Santa Lúcia


Pensem que delícia de final de dia com direito a passeio pelo São bento com risadas, buzinadas tombo de bunda na faixa de pedestre! Foi assim que encerrei meu dia que já tinha sido bom até o início das aulas.

GABI tentava ter aula há mais de um ano! Desencontros, casamento, filho e nada do patins que ela ganhou sair do armário. Hoje foi o grande dia… Tão nervos que já suava mesmo antes de calçar o patins, Gabi estava descida a experimentar a sensação do patins, e não pareceu subestimar as dificuldades. Com um pouco de medo e jurando que estava numa condição de dependência absoluta, faltou fazer um suco da minha mão, de tanto que a espremia. Com dificuldade mesmo para ficar de pé, Gabi pensava que não ia conseguir nem se sustentar sozinha, e chegou a pedir que eu não me afastasse dela nem para demonstrar. Ainda me usando de muleta começou a aprender as alavancas, e no meio da aula ela pegou as regras da remada DE UMA SÓ VEZ!! Sim. Ela trocou as passadas de pedestre pelo padrão de deslizamento do patins e não precisei mais falar da postura dela até o final da aula. No final ela já subia o pequeno aclive do estacionamento praticamente sem precisar da minha mão.

CAMILA GIORI chegou semMaria Alice. Animada, a moça Fitness estava um pouco mais medrosa, mas com uma justificativa: acostumada com o ritmo ponderado pela presença de Maria Alice, Camila se surpreendeu com o grau de exigência e de avanço em relação aos exercícios. Embora Camila não seja de ficar cansada, já que tem excelente condicionamento, a aula exigiu muita concentração e alinhamento corpo-mente. Começamos dando uma volta Olímpica na orla com velocidade muito boa. Medindo no GPS, chegamos a 13km/h, e Camila balança mas não cai. É engraçado vê-la envergar-se no desequilíbrio mas ficar de pé como se o anjo da guarda a segurasse na hora, rs. No meio da volta aproveitamos o pavimento bom da praça dos bancos e Camila treinou o freio em “T” (vassourinha). Tentando cada hora em um pé, Camila perdeu o foco e quase caiu várias vezes por que não se decidia. Escolhida, por fim, uma perna, treinamos com mais atenção e finalmente a manobra saiu. É importante que se treine bastante, por que em uma situação real não teremos muita chance de errar. Na descida leve da volta ela fez encaixe frontal e ficou toda toda… Mais uma vez a força que ela tem nas pernas foi sua grande aliada. De agora para frente, o importante é fazer cada vez menos força e com cada vez mais precisão. Convidada a continuar patinando depois da aula Camila fez uma cara de criança querendo brincar, mas seus compromissos a laçaram para longe e ficou ali nossa aula, que foi um excelente diagnóstico de emancipação à vista.

JULIANA e GRACIELA estavam me esperando quando cheguei, e quase me mataram do coração de tanta alegria. Juliana, que nano tem muito juízo, teve que ser adotada por mim e pela Gra, que juntos vigiávamos para que seu grau de estrepolia não superasse os reflexos dos seus já cansados anjos da guarda. Decidido a levar as meninas para a rua e fortalecer esse laço com o Urban, já fui levando as duas para a escada. Já comecei assustando por que Ju nem perguntou, nem esperou e nem pediu ajuda… apenas se jogou na direção da escada. E não é que a danada fez a projeção do quadril para frente direitinho e freou com o impacto da escada sem precisar segurar no corrimão? A subida da escada é super tranquila e não oferece desafio. Já para os passantes aquilo parece mais uma manobra de circo, e os comentários são engraçados. No topo da escada fomos para a calçada e começamos nossa patinação pela cidade. Observados desde lá de baixo pelas pessoas que estavam no ponto de ônibus passamos elegantes e Ju estava com uma platéia grande. Com segundos para descansar da primeira subida, lá se foi Juliana, descendo sem parar aquele passeio estreito que não dá espaço para frear… Desesperada para parar ou encontrar uma solução, Ju ficou tão rígida de tensão que dava para ver de longe. Reproduzindo as clássicas cenas de Batman se jogando para salvar alguém que cai, fui atrás para tentar pará-la. Sem saber que eu estava me aproximando, Juliana resolveu seguir o caminho dela descendo o meio fio em alta velocidade pela rampa de cadeirante que cruza a rua, mas assim que desceu o passeio… Capoft! que tombão!! dei pra frente foi só diversão, com direito a filmagem e muito recalque da comunidade em geral. Observada por todos que passavam pelo São Bento, Ju e Gra viraram celebridades. Negociando onde comer ou beber água diante de tanto esforço, tivemos todas as fantasias de beber e comer, mas nossa tarefa não permitia isso. Tinhamos pouco tempo para voltar, e o caminho de volta ainda estava cheio de surpresas. Paramos para comprar uma água e já fomos direto pegar o caminho de volta. Calçada Portuguesa, ardósia e todos os tipos de arranjo de pavimentos e muita risada. Definitivamente Urban é das coisas mais divertidas que se pode fazer no patins, e com boa companhia fica inesquecível. 

Empolgadíssimas com a aula e o passeio, Juliana e Graciela resolveram andar mais um pouco enquanto a aula da FABIANA começava. Juliana até conseguiu que o maridão segurasse a onda indo buscar a filhota, e eu achei foi engraçado. Fabiana regressa de um padrão de pouca atividade aeróbica, mas tem uma super disposição. É mais uma das que não chega ao final da aula negociando energia e que consegue seguir bem até o último minuto. Contudo, seu patins de bota de pano (Soft Boot) exige muito esforço de estruturas muito específicas, e isso é cansativo. Pisando com o pé direito todo para dentro, Fabiana raramente consegue fazer este pé deslizar por mais que 5-10 centímetros. Basta ele sair debaixo de si para que trave como uma boa frenagem. Isso torna tudo mais difícil e cansativo, e também aumenta seu mérito a cada conquista. Para começar, precisamos acertar a questão da transferiencia de carga que é imprescindível! Como esperado, o tempo de permanência na perna esquerda acabava sendo maior por que era a perna com a pisada boa. Isso fazia Fabiana mancar bastante, além de dar a ela uma insegurança. Sem desistir e sem tirar o sorriso do rosto, a guerreira foi fazendo tudo conforme manda o figurino… e não é que ela conseguiu? Enfrentando a bota mole com uma pisada cada vez mais firme, Fabiana começou a patinar até na subida! O cansaço localizado (dos grupos musculares mais estressados) começou a pegar, e chegou a hora do reboque frontal. No reboque frontal é vital que o aluno não deixe o braço dobrar-se e nem se apoie no calcanhar, pois são duas situações em que o equilíbrio se dá formando uma alavanca que o professor não consegue reverter. Insegura com o novo modelo de assistência do professor e já com os músculos cansados, Fabiana caiu de bunda toda vez que desobedeceu a regra do braço esticado e bumbum pra trás, mas pareceu não se importar, e permaneceu focada. No final da aula, afora as limitações do patins, estava pronta para um passeio solo.

CARLA mora em frente à Barragem e é vizinha da Fabiana. Outro dia me chega no celular uma foto minha feita de cima enquanto eu dava aula… Coisa de paparazzi! Fiquei até preocupado, mas depois vi que era Carla, rs. Carla chegou com o tempo querendo fechar, mas a temperatura estava boa. O clima seria essencial nesse dia por que uma primeira aula exige muito de corpo mente. Alta e há muito sem fazer esforços com isometria, Carla se desafiava de pé sobre rodas com os pés livres. Com uma pisada de calcanhar que é comum mas nociva, ela teve que receber ajuda para se manter para frente, mas obedecendo sempre às hipnóticas instruções ela se acertou de pé com o tempo. Com uma tendência de caminhar sobre o patins feito um pedestre de sapato, ela custou a desfazer do vício da caminhada para entrar no clima de “arrastar” os pés. Acho esse movimento um dos mais difíceis do ponto de vista cognitivo, e Carla fez muito bem. Se no começo Carla me fez sentir uma muleta, no final eu já estava me sentindo desimportante, rs. É que ela mesma foi tomando a iniciativa de trocar de pernas sem precisar usar as mãos, e com isso até melhorou a pisada. Essa etapa é importante por que é a que define quanto tempo levará até que o aluno patine sozinho e com segurança. No caso de Carla não vai demorar nada.

ALINE está prestes a viajar para a Austrália e quer ter tantas aulas quanto puder. No afã de aprender logo ela chega com energia total. Neste dia, coitada, e pela segunda vez, seu tônus estava afetado com o cansaço do dia longo e cheio de atividades. Por sorte eu tinha um CARB UP na mochila e ela pode elevar a disposição com uma bomba de ânimo e energia. Patinando feito uma boneca patinadora, Aline tem tudo a seu favor. Ela é pequena, leve e forte. No pilates, que é um tipo de atividade que valoriza o esforço muscular com contexto e a isometria, Aline aprendeu a se equilibrar com os membros soltos, e isso é especialmente útil quando se tem rodinhas nos pés. Mas tem uma coisa que o Pilates não trabalha, e dificulta o trabalho até mais do que o sedentarismo: o medo. É difícil conceber como alguém tão perto do chão pode ter tanto medo de cair, rss (brincadeirinha, Aline, não fique brava). Aline fica tensa e acha que vai cair por qualquer coisa, quando, na verdade, está bem longe disso. Sua transferência de carga, que é um ponto chave na patinação, só não é perfeita por que ela tem medo de ir para uma perna e outra, preferindo manter seu centro de massa em algum lugar enter elas e, o que é pior, com as pernas afastadas. Com um bom apoio e adequadamente orientada, não há o que Aline não faça sobre os patins. A menina faz meia lua, desenvolve bem as curvas de alto desempenho e patina na subida sem dificuldades. Mas basta soltá-la para ver tudo desaparecer. Sabendo disso, o melhor a fazer é investir na sensação de segurança e enfrentar esse medo de uma forma saudável. Não adiantaria gastarmos horas burilando técnicas que só seriam praticadas com as mãos dadas. E foi o que fizemos. Além de acompanhar cada troca de carga estimulando amplitudes cada vez maiores na pendurarão, trabalhamos manobras radicais, frenagens bruscas e meia-lua. Demos a volta na lagoa e até tomamos um tombo por que o medo que ela teve de cair na descida a fez retrair o abdômen para trás no encaixe frontal e lá se foi ela de bumbum no chão. O pior é que eu estava por perto, mas não apoiando ela, e tive que rebolar para amparar a queda. Depois de uma aula curta, mas cheia de desafios para uma mente carente de estímulos de desbravamento, Aline estava aquecida e destemida. É assim que quero vê-la patinar na Austália!

Com os dedos machucados do tombo com Aline e o pé latejando do aperto que o patins está me proporcionando eu tive que tirá-los, e Ayla acabou ficando sem aula. Essa menina, que é toda animada para a aula e sai de casa em um pulo, já perdeu aula por causa de chuva duas vezes e meu coração fica partido. Mas realmente, no estado em que pés e mãos estavam não havia condições.

Fim do dia com pés e mão machucados e o coração leve. Essas meninas me enchem de alegria com sua evolução, e essas vizinhas me enchem de medo com suas janelas que dão para as minhas aulas, rs. Espero que este time de patinadoras continue a patinação e a leve para níveis incríveis! Quero poder convidar dezenas de pupilos para passear comigo sem compromisso ou, quem sabe, me segurar quando estiver velhinho, rs. Amo patinar com vocês!

Patrick Bonnereau
Instrutor de Patinação
#VamosPatinarJuntos
bhroller

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