sábado, 14 de fevereiro de 2015

RESENHA AULA 14/02/15

Sábado de alta velocidade, essa pareceu ser a vocação do Mineirão nesse dia com o Sol de sempre. Atingindo grandes velocidades, os alunos de hoje aprenderam o quanto vale a pena trabalhar a perfeição do movimento. Com poucas passadas, mas muita eficiência, testemunhamos grandes avanços nos passeios! BH que nos aguarde. Temos uma grande onda de patinadores-divos chegando.



NORVAL, nosso aluno de 1,8m fez milagres enquanto dormia. Preparado para ter sua aulas às 14h diante de um Sol que Deus deu, Norval estava de pé e longe do apoio! Na aula anterior esse rapaz não ficava nas duas pernas sem escorar vigorosamente. Segundo ele não houve tempo para treinar entre as aulas, o que me fez creditar o progresso aos sonhos, que tanto restauram quanto edificam. No começo da aula ele já estava aquecido e andando, nada de moleza. Não que se possa dizer que seja um grande mérito estar aquecido no calor que estava fazendo, mas pelo menos nos adianta bastante a aula. Acontece que estamos sempre mais endurecidos quando frios, e isso é um retardo para a aula. Patinando com as pernas exageradamente afastadas, Norval se salvava por ter misteriosamente resolvido a questão da pisada pronada que tanto o atrapalhava no encontro anterior. Aliás, Norval usa o Dupe, que é um patins em que encaixamos um tênis. Orientado a não usar tênis alto ou com amortecimento Norval acertou, trazendo um tênis que se ajustava bem melhor ao patins. Importante observar como o patins é dependente de força e condicionamento físico: bastou ele se cansar em meados do final da aula para que a pisada, antes firme, começasse a ceder e pronar. Nesse caso, aquele ajuste de pisada que antes era feito pelo tornozelo não consegue mais se dar, e o patinador tem duas opções: ou ele pisa com o corpo bem alinhado ou vai acabar entortando o pé. E fomos para a subida. Superando as minhas expectativas, que eram de grande espera enquanto ele se debateria no início da rampa, Norval simplesmente subiu, rs. Claro que não foi sem esforço. Ao contrário, a subida quase desmanchou esse moço que tinha que levar seus quilos todos morro acima. E não foi necessário repetir. Apenas um terço do percurso e ele já inclusive reduziu a amplitude das pisadas, facilitando a própria vida. No platô de cima seguimos dando volta. Sem distração e com um longo percurso à frente, Norval pode se concentrar e deu o show de elegância, erguendo-se com postura impecável sobre toda a sua altura. Com o apoio bem definido, ele patinou lindamente com longas e precisas passadas, e teve até que descer escada com ajuda do corri-mão. Parando à porta do Spoleto para respirar Norval ouvia um caso engraçado. Quando foi soltar uma risada se empolgou tanto que caiu de bunda. Não sabia se ria ou se acudia. Ao final da aula ele foi liberado para treinar sozinho com recomendações importantes.

ALINE já está perto da hora de viajar para o exterior, onde ficará por cerca de um ano. Nosso foco, portanto, é independência. Ela que, ao contrário de Norval, é baixinha e levíssima, subiu a rampa como quem patina para frente. Muito medrosa para pouco perigo, ela ainda precisa trabalhar a coragem de se lançar mais, já que o patins exige um pouco de ousadia. Sempre bem equipada e, como disse, muito leve, um eventual tombo não a machucaria. Uma consequência comum e direta desse medo é a patinação exageradamente lateralizada e com grande amplitude de pisada (pernas muito abertas). Por medo de se desequilibrar, é natural que as pessoas afastem as pernas. O problema é que, com isso, a troca de perna de apoio fica ainda mais difícil. Quanto mais longe um pé está do outro, mais força e coragem precisamos ter para trocar de perna de carga. Concentrados em reduzir a distância entre os pés e aumentar a eficiência da remada, patinamos longas distâncias, e despreocupados. Na medida em que ia ganhando confiança, Aline ia se soltando e patinando mais verticalizada, até que, enfim, começou a aumentar a velocidade sem aumentar o ritmo de sua patinação. Na verdade, a velocidade começou a aumentar muito! Aline chegou a curtir o vento no rosto, e tive que filmar ela com música de fundo. No final ela quis patinar com desenvoltura novamente. E chega a hora de tirar um pouco a insegurança daqueles pequenos desequilíbrios que dão um susto e tiram a leveza da patinação. Aline começou a patinar sozinha, tomando aqueles pequenos sustos de pequenos desequilíbrios. Vendo que se recobrava de todos, ela foi ficando mais confiante, e no final, pasmem, ela sismou dançar!! Talvez por que se inspirasse nas músicas que o Mineirão toca o dia todo e que tornam o ambiente especialmente agradável. Aline já está pronta para patinar sozinha, restando a novos encontros um trabalho de frenagem para evitar acidentes.

TIÃO veio fazer sua segunda aula. Ele, que na aula passada conseguiu ficar de pé com bastante custo e patinar com apoio bem firme, já se levantou da cadeira e foi patinando. Tudo o que foi falado na aula passada foi reproduzido desde o começo desta, sem que fosse necessário lembra-lo de NADA. Incrível! É claro que ele não conseguia fazer tudo com perfeição, mas tinha claramente adquirido a consciência. Mão na cintura para evitar braços balançando, peito para cima para poupar a lombar e olhar adiante para evitar vícios ruins à patinação e à segurança. Tudo automático. Com pouco tempo de patinação para frente no platô de baixo já estávamos aquecidos para a subida. Em menos de um minuto ele já entrou no eixo da subida, encaixou os pés e começou a remar, bastante concentrado. Rapidamente ele começa a pegar o jeito e lá está Tião subindo o morro tranquilamente (não sem esforço). Isabella, que nos acompanhava de perto, percebeu o desenvolvimento do pai e comentou espontaneamente. Aliviando um pouco a tensão do apoio para exigir que ele fosse encontrando o próprio eixo, pedi que tentasse ficar REALMENTE em um pé só a cada remada, explicando que isso iria tornar sua patinação mais serena. Impressionante foi ver que na segunda tentativa ele já estava fazendo como pedido e ainda parou de usar a ajuda das mãos! E foi aí que a patinação dele começou a dar preocupação. Se antes o problema era sair do lugar, agora o negócio é parar. Tião começou a patinar com tanta eficiência que sua velocidade passou a ser um perigo. Sem querer correr, mas desenvolvendo uma velocidade alta espontaneamente, Tião finalmente sentiu o vento no rosto. Descemos a escada do Spoleto para evitar desgaste muito grande na descida da rampa e fomos completar a super volta olímpica!! Curioso é ver como uma atividade avançada acaba melhorando, por extensão, a qualidade do que é mais simples. Descer escada não é lá um grande desafio quando se tem um corrimão para segurar, mas só de ser um processo de grande mobilidade e perigo, o patinador acaba chegando ao final com um patinação melhor um pouco. Depois de descer a escada Tião patinou feito Divo! No final da aula, por causa do cansaço, os pés começaram a doer um pouco e o pé direito começou a pronar (inclinar para dentro). Interessante é que a perna forte dele é justamente a perna cujo pé começa a pronar ao primeiro sinal de cansaço. Paramos 10 minutos à sombra e fomos para a curva de alto desempenho. Apenas começamos, por que ele estava cansado e ainda era cedo para trabalhar reboques, mas Tião mostrou que compreendeu o movimento embora suas pernas ainda não obedecessem.

ISABELLA aprendeu a fazer a vassourinha (parada em T). Ela já sabia fazer, mas ainda não tinha a técnica da transferência de carga, e ficava sempre o medo de cair. Durante a aula de seu pai, ela foi mostrando o que sabe e, a pesar de ser bastante medrosa, conseguia se virar muito bem nas subidas, descidas e escadas. Como toda criança adolescente, Isabelle tem uma pisada pronada que começa já da inclinação do tornozelo em relação ao ângulo do fêmur, o que precisa ser trabalhado antes que o patins intensifique esse problema.

CAROL já patina e é toda atrevida. Desde que calçou o patins pela primeira vez, com patinação mancada e de pouquíssima eficiência, ela evoluiu rapidamente. Forte e leve, ela não apresenta dificuldades comuns ao patinador inexperiente e sedentário. Contudo, Carol tem alguns vícios de impostação de quadril que precisam ser trabalhados. Suas curvas, por exemplo, são feitas com o pé de dentro atrás do pé de fora, o que torna qualquer erro um potencial tombo perigoso. Além disso, por causa da dificuldade que ela tem de desenvolver curvas, sobre tudo as de pequeno raio, ela tem dificuldade de frear, já que quase todos os tipos de frenagem nascem de curvas. Sua patinação desenvolveu tanto que ela já atinge velocidades várias vezes maiores do que a que ela é capaz de administrar ou interromper. Nossa estratégia foi fazer pequenos ajustes na patinação de frente e soltar o quadril para os movimentos de curva. Para ajustes na patinação para frente, focamos na pendurarão excessiva, em que o ombro balançava muito e tornava cansativo o deslocamento. No platô de cima trabalhamos curvas à exaustão! Ela reclamou, pirraçou e disse que ia desistir. No final ela conseguiu entender e executar. Suas curvas para a direita são mais eficientes, mas isso é absolutamente normal. Mesmo assim, ela entendeu que a simetria é indispensável a algumas manobras que envolvem segurança. Nunca se sabe para que lado nos restará desviar em uma situação real. Na descida Marco Aurélio estava com a gente e filmou nossa descida DE PRIMEIRA. Não treinamos nem ensaiamos: apenas aplicamos a técnica que tinhamos acabado de ver. Novamente, antes de encarar os movimentos, lá estava Carol esperneando por que achava que não seria capaz de descer a rampa em zigue-zague. Na descida com grande espaço para manobra, a tradicional combinação entre curva de alto desempenho e arremate com meia lua. Fizemos tudo com tranquilidade, e, no final das contas, quando ela errava a pisada, sem que eu precisasse falar nada, ela se corrigia ou acusava o erro. Carol está muito perto de sair por aí a fora em nossos urbana!

ROBERTA e sua caravana chegou preparada para desafiar todos os limites. Ela, que é engajada e muito aplicada, estuda e investe como ninguém. Sendo uma das alunas que mais direciona suas energias para seu momento de patinação, Roberta retém detalhes como ninguém, e não desperdiça um minuto de aula com repetição de instruções. Ela estuda, lê revista, lê reportagens e se informa. Durante a aula, todas as coisas que precisam ser pontuadas e lembradas constantemente a todos os alunos, são dispensadas por Roberta, que se vigia constantemente. Com seu patins novo, Roberta já patina com firmeza, embora tenha aquela postura de cautela que consiste em braços querendo se afastar dos quadris e pernas afastadas. Roberta começa a subida com muita dificuldade por que sua patinação ainda estava bastante lateralizada. No último terço, talvez por que a repetição a fizesse compreender, começou a recolher melhor a perna que sai do chão a cada remada, e com isso ganhou uma patinação mais centrada em seu eixo e menos balançada. Na parte de cima, cada vez mais Diva, Roberta começou a parar de usar o meu apoio. Sentimos que estava na hora de exercitar a expertise em apoiar sobre uma perna só, o que sabermos ser a grande base para novas manobras. Na posição da bailarina, em que a perna que sai do chão é esticada para trás fazendo uma forma de avião, Roberta deu o show de equilíbrio. Novamente, por que pareça até que duvidarão, filmamos e foi muito bonito ver o vôo dela durar muito. Marido, filhos e vovó estavam lá e presenciaram seu show. Em seguida fomos para o reboque. Roberta tem a melhor postura em reboque EVER! Muito bem apoiada na planta dos pés, joelho ligeiramente flexionado e bumbum pra trás para poupar a lombar, Roberta consegue responder muito bem às práticas com esse tipo de apoio. Começamos a trabalhar meia lua para dois lados, investindo no lado esquerdo, que era o melhor lado dela. Nos dois tombos que ela tomou fazendo essas manobras radicais teve um engraçadíssimo, que aconteceu em câmera lenta e com as pernas espalhadas. Foi muito divertido, principalmente a expressão de alegria dela. 

Fechamos mais um dia de patinação em família e com segurança, e voltamos para casa com aquela sensação gostosa de que o patins está cada vez mais em nossa rotina.

Patrick Bonnereau
Instrutor de Patinação
#VamosPatinarJuntos
bhroller

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